sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Mundo e o Tabaco

Por Ana Pinto, Ângela Gago, Lénia Maria e Ruben Remédios

Assinalou-se, no passado dia 17 de Novembro, o Dia do Não-Fumador. A efeméride fez-nos pensar acerca da necessidade de haver um dia destes. Aliás, o tabagismo é um problema tal na nossa sociedade que, contando com o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado a 31 de Maio, contam-se dois os dias dedicados a alertar as pessoas para os riscos do tabaco. Para uma ideia mais real da dimensão deste problema, podemos dizer que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o tabagismo é a maior causa de morte evitável, tirando a vida a cerca de 4,9 milhões de pessoas por ano no mundo, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia.

Seria de pensar que, com dados destes, divulgados e à disposição da população em geral, houvesse uma quantidade relativamente reduzida de fumadores. Mas verifica-se exactamente o contrário. Sempre que vamos a um café, ou mesmo no nosso local de trabalho, deparamo-nos com, pelo menos, um fumador. Em dados mundiais, fornecidos novamente pela OMS, 47% da população mundial masculina e 12% da feminina são fumadores.

É de louvar, no entanto, que haja agora um ligeiro decréscimo no número de fumadores, relativamente a décadas passadas. Mas outra coisa não seria de esperar: as campanhas anti-tabagismo são cada vez mais agressivas, os preços sobre esta droga lícita aumentam e cada vez mais cedo as pessoas tomam posse das informações acerca deste comportamento de risco. Quem começou há muito tempo e está realmente viciado, alega que nenhuma campanha é forte o suficiente para fazer com que um fumador abandone o tabaco. Apenas pode servir para impedir a adesão de novos fumadores. Que para largar o fumo, é necessária muita força de vontade e que essa deve vir do próprio indivíduo (independentemente dos motivos externos que levam à decisão interna).

Em décadas passadas, gerou-se um culto pela imagem do fumador, que era visto como sensual, atraente e sociável. Essa imagem distorcida fez com que milhões de pessoas sucumbissem aos malefícios desta droga – que só por ser legal, não deixa de o ser. Ainda hoje encontramos em filmes um sem número de artistas que orgulhosamente exibem o seu cigarro, associando-o à sua imagem de marca.
Gerou-se igualmente o mito de que uma pessoa que não se
ja capaz de aguentar com o fumo é fraca. Não podia estar mais longe da verdade: quem se incomoda, quem se opõe, quem sofre com o fumo tem a maior capacidade de se manter fiel àquilo que sabe estar certo, porque se informa e escolhe ser saudável, vivendo a mesma emoção de uma forma natural e igualmente excitante, porque o seu corpo reconhece o inimigo e o rejeita.

Não sabemos o que dizer quanto ao futuro. Apenas temos o desejo de uma sociedade mais consciente, menos preconceituosa e muito mais forte, com base nas atitudes positivas da vida. Como lá chegar, o que é necessário que aconteça, não nos compete a nós. Nós fizemos a nossa parte. Talvez esteja aí a solução: na decisão individual que pode mudar o colectivo.

1 comentários:

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  1. Ainda ontem passou na televisão um filme com o Russel Crowe e o Al Pacino, chamado «O Informador», se não me engano, sobre os químicos impregnados nos cigarros para viciar as pessoas. Quanto ao chavão idílico de alcançarmos uma sociedade menos preconceituosa, julgo que deve partir não só de fumadores, mas, mais do que nunca, de não fumadores, precisamente pelo facto da imagem romântica do fumador estar ultrapassada. Desde há uns anos para cá iniciou-se uma caça ao fumador: basta lembrar que, por exemplo, nos aeroportos nem há zonas de fumadores. Não me parece uma medida com o objectivo de alertar o fumador para os riscos do tabaco, mas de o punir tal como se castiga uma criança que acaba de fazer uma asneira.
    Concordo com parte das proibições, mas outras não me parecem úteis para ajudar o fumador a deixar o seu vício - afinal de contas não é esse o seu objectivo?
    Não sou fumador.

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